Num determinado cartório do registro civil de uma cidade de 15 mil habitantes no interior do Brasil, a confusão foi grande na semana passada.
Pai novo, um cortador de cana havia chegado na cidade para registrar o filho. Precisava resolver logo a situação e voltar correndo para a serra onde trabalhava, já que o coronavírus não mudou nadinha a rotina dele, continuava dura do mesmo jeito.
A folga era apenas para registrar o garoto e, nada mais.
Longe do serviço e do olhar do encarregado, não custava nada tomar uma Pitu com caju, antes de ir ao cartório. Só que o boia fria não ficou apenas em uma. Quase que perdia a hora do cartório, por causa disso.
E foi assim, meio que cambaleante, que o cortador de cana chegou ao compromisso. Apenas naquele momento percebeu que não sabia que nome pôr no filho.
- Com qual nome o senhor vai registrar seu garoto?- Perguntou o oficial do registro.
O cortador de cana pensou por alguns instantes e no alto da sua embriaguez, levantou a cabeça e numa voz pastosa, pra todo mundo ouvir, gritou ao oficial:
- Meu filho vai se chamar Alcoolingelson Ferreira da Silva. Estou entre esse nome e, Lockindowson mas, Alcoolingelson acho mais bonito. Pode escrever bem aí- vociferou o bebum.
O oficial do cartório, todo educado retrucou:
- Infelizmente nenhum desses nomes será possível. No futuro vai prejudicar muito seu filho! –
Ao ouvir a negativa o cortador de cana zangou , na mesma da hora e foi logo dizendo:
-O que, papai!!!! O filho é meu. Ponho nele o nome que eu quiser. Escreve do jeito que estou te dizendo, Alcooingelson e, pronto! -
- Senhor, já disse que com esses nomes não será possível registrar o menino- devolveu o cartorário, já irritado com a situação.
Naquele instante a confusão já era grande. Num descuido, o cortador de cana já estava do outro lado do balcão , valente como nunca estivera, e derrubado uma pilha de processo que estava numa mesa.
-Alcooingelson vai ser o nome do meu filho, nem que eu tenha que sangrar gente aqui! – ameaçou o cortador de cana.
Já àquela altura , a segurança do prédio já tinha sido acionada. Dois parrudos chegaram então para imobilizar o exaltado boia fria, que continuava possesso.
Já com a metade da cana suada, ao perceber que ia acabar dormindo na cadeia e com isso, poderia perder o emprego, o cortador de cana freou e gritou:
-Tá bom, tá bom, já tô mais calmo!! Pensei aqui num outro nome para meu filho para resolver essa confusão. Não precisa me levar pra delegacia, não.
Mais calmo, de volta ao balcão do cartório, o cortador de cana falando baixo, mas ainda visivelmente embriagado, chamou o homem do cartório, sob o olhar dos seguranças e anunciou:
- Pronto moço, já estou com um outro nome para meu menino-
- Ah, bom! Finalmente. E qual é esse nome? - Perguntou o cara do cartório.
-Vamos fazer assim, pra não ter mais confusão. Tira o álcool e deixa só Gelson. Tá certo, assim?
O conflito acabou, e o cortador cana voltou pra casa com o registro de nascimento do filho. Nada de Lockidowson ou Alcooingelson, mas Gelson Ferreira da Silva.
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