quarta-feira, 26 de junho de 2019

VELÓRIO E TIROTEIO




O nome dele eu não sei.  Só sei que cometeu um crime e por isso estava preso já a algum tempo. Um dia a segurança deu um vacilo e ele escapou e nessa condição poderia ter permanecido se não fosse por uma dessas ocorrências que “ bolem” muito com qualquer bicho que esboce algum tipo de emoção. No caso em apreço, a morte do pai do fugitivo do sistema penitenciário.

No esconderijo foi informado da triste ocorrência. Consta que chorou muito após lembrar da figura do paterna com quem conviveu durante anos e que naquele instante jazia num caixão e, era velado pelo restante da família e amigos. Precisava se despedir do pai morto mesmo correndo o risco de ser recapturado.

A emoção venceu o medo. O fugitivo levando consigo a tristeza, e as boas lembranças do pai decidiu ir ao velório. A presença dele naquele ambiente cheio   de tristeza e lágrimas  logo chamou a atenção de alguns curiosos que já sabiam que {ele} tinha escapado da cadeia.  Logo um alcaguete , ou “ cagueta  como é chamado no jargão policial esse tipo colaborador da polícia, tratou de avisar  as autoridades.

Não demorou muito a presença da polícia foi sentida no lugar. O fugitivo, armado,  ao perceber que poderia voltar pra prisão entrou em processo de fuga diante dos olhos de todos. A Polícia percebeu a movimento dele e pôs-se a persegui-lo.  A “caça” correu para um matagal ali perto, os policiais atrás.

Ao longe o som de alguns estampidos deixou o povo do velório  atordoado e apreensivo.  O forte tiroteio era prenúncio de que poderia haver um banho de sangue no até então pacato povoado. Não houve.

 O enlutado fugitivo do sistema penitenciário conseguiu se livrar do cerco  policial e desaparecer no meio do mato.  Foi terminar de chorar a morte do pai muito longe da polícia e dos parentes que deixou para trás.  

terça-feira, 25 de junho de 2019

AO VENTO




Pedaços de mim lançados ao vento
Como folhas secas
Pousam, ora no mar,
Ora no rio,
Ora na copa das árvores,
Ora num ninho de passarinho.

O vento se foi indo.
Sem a força dele
pedaços de mim,
como folhas secas,
se assentaram
na grama verde.

Ali, quietinha,
ela se alimentou de mim, eu
dela.
Eternizados fomos.

sábado, 22 de junho de 2019

TALENTOS DO MEU PAi

Meu pai era múltiplo. De tudo fazia um pouco. Ourives, barbeiro, flandreiro (funileiro). Também era um craque  com a palha do babaçu .

Muito procurado fazia  com zelo alianças de ouro de casamento, e anéis de prata.

Do flandre confecionava lixeiras, lamparinas, bombas de querose, fogareiros e, aqueles aviõezinhos que amarrados a uma linha forte e rodados sobre o eixo do corpo da gente fazia tanto barulho que deixava enlouquecido quem estava por perto. A meninada gostava muito já  os adultos, não.

O mestre Zuza era muito bom com as mãos.  Rapidamente cortava a palha e  confeccionava com agilidade  um abano, cofo, esteira e o que a criatividade apontasse.

Nas horas vagas ainda tecia tarrafa pra ele pescar.

Orgulhava-se de ter aprendido  a tecer tais utensílios com minha avó Inês Brito.

De tudo meu pai fazia um pouco mas sua paixão era mesmo a música. Aprendeu sozinho a tocar saxofone  ainda quando criança e não parou mais.  Notas musicais só veio a conhecer tecnicamente já homem feito.

Dizia que só deixaria de tocar quando Deus o levasse  e assim o fez.  Papai partiu deste plano num 17 de Abril, seis dias após completar 74 anos.  Pouco antes de cair doente  fez um esforço danado e deixou como herança dois CDs com músicas de sua autoria produzidos pelo mestre Hélio Amaral.  Quando a saudade arrocha me ponho a ouvi-los e a lembrar da figura carismática que foi e sempre será o Mestre Zuza.

terça-feira, 11 de junho de 2019

SEM RUMO



Com fome,
Sem nome,
Solto,
Sem rumo,
Triste,
o olhar
Cansado
O bicho para,
Deita-se lentamente
Ossos no chão,
Lambe as feridas
E como último alento
Estende as patas na esperança
De encontrar o amor perdido dos homens.

MÃES E FLORES




As flores são formadas
Por pequenos corações.
Umas têm dois, três,
Quatro, cinco às vezes seis
Coraçõezinhos.

Segundo os poetas,
É do coração que brota o amor.
Logo, se uma flor tem vários corações,
É possível que elas amem mais e
assim, tenha espaço para amores prurimos.

As mães são tal qual flores:
Têm vários corações.
Deve ser por isso que   elas amam mais.
Viva, portanto, as flores!!!
Viva as mães!

QUANDO DEIXEI DE ACREDITAR EM PAPAI NOEL

    ElsonMAraújo Neste dezembro de 2023, mais precisamente no próximo dia 25, completarão-se 49 anos desde que deixei de acreditar em Papa...