domingo, 17 de outubro de 2021

O BOM HUMOR É PRECISO


De todas as estratégias que conheço para atrair bons fluídos, bons negócios, e até boas companhias, procurar manter o bom humor é a mais infalível de todas. Falo por experiência que é uma arma superpoderosa para quem deseja manter distante a ingrisia e todo tipo de energia negativa, que vez por outra teimam chegar próxima da gente. É uma arma tão poderosa que até sendo um bom humor meio falsificado, funciona.
O bom humor é tão poderoso que antes da existência dos fortes medicamentos para combater males como a depressão, a literatura revela que os médicos aconselhavam a pacientes que deitassem, olhassem para cima procurasse motivos para sorrir. Talvez tenha surgido aí aquela história de que “rir ainda é o melhor remédio”
Se o paciente ficava curado, eu não sei dizer. Tudo que sei é que é visível a sensação de bem-estar que o bom humor provoca naqueles que o cultivam.
Tem gente que reclama que as rosas têm espinhos; e se tiram os espinhos, também reclama porque os espinhos não têm rosas. Essa frase, da qual desconheço a autoria, revela o perfil de grande parte das pessoas que ao deixar de cultivar o bom humor espanta, afasta, cria antipatia. Ninguém quer ficar perto de quem só reclama da vida e de todos, o tempo todo.
Conheço gente em Imperatriz que ganha, no bom sentido, os outros só com o bom humor e com a aura positiva que cria vai tocando a vida. Uma dessas pessoas é o Luís Paraíba, do Brasão. Quem, em Imperatriz, já não ouviu o famoso bordão “Figuraaaa maaaximaaaa” seguida de uma gargalhada extremamente original?
Paraíba chegou a Imperatriz anos atrás sem grandes, ou quase nenhuma posse e se tornou um próspero comerciante. Mas não é agora que quero falar dele não, é de outro Luís, o Luís Paraense.
Luis Aires Lima, o Luís Paraense, natural de Marabá (PA) é viúvo e não esconde de ninguém o par de chifres que levou da finada. Ao invés de ficar chorando nos cantos pelo chifre e pela morte da mulher, encarou tudo com bom humor. Abriu, tempos atrás, um bar cujo principal ingrediente é a alegria e o bom humor. Impossível sair de lá sem umas boas risadas. -“Fui corno 18 anos”- diz ele com uma boa gargalhada.
O Paraense fica na Rua da Lua, na Vila Fiquene, e é frequentado praticamente só por homens. Antes dessa carestia danada, sempre no final de semana, o Luís comprava cerca de 30 quilos de carne, e distribuía gratuitamente, só para deixar feliz a freguesia.
Confusão? Ele me disse uma vez que era muito difícil de acontecer, mas já aconteceu. E tal qual a história do chifre ele ensina que o melhor remédio, a melhor arma é levar tudo no bom humor para desarmar os exaltados. Para potencializa a estratégia mandou fazer um facão (inofensivo) de cerca de dois metros e sempre que alguém tenta brigar ele costuma exibir a arma.
É só mostrar o facão gigante que tudo termina em risada com os eventuais brigões fazendo as pazes ali mesmo.
Luis Aires de Lima, o paraense é a personificação do bom humor

domingo, 26 de setembro de 2021

A ARTE DE SONHAR

O sonhar poético, o sonhar que diz ser premonitório, o sonhar profético, este tão decantado nos textos sagrados; o sonhar que acalma e agita o coração, o sonhar desconexo, o sonhar traduzido como desejo ou meta a alcançar. Enfim, os caminhos para interpretar o sonhar são múltiplos e se intercruzam com a religião, a ciência e a cultura. O sonho é um mecanismo complexo e até hoje objeto de estudos, não conclusivos, mas que se sabe extremamente benéfico para o equilíbrio humano.

A ciência define o sonho como uma experiência de imaginação do inconsciente durante o sono. Sigmund Freud, o fundador da psicanalise e precursor dos estudos sobre o tema, diz que os sonhos noturnos são gerados na busca pela realização dos desejos reprimidos.
Já o psiquiatra e pesquisador americano John Allan Hobson considerou "os sonhos como um mero subproduto da atividade cerebral noturna".

Fora da ciência, em muitas tradições culturais e religiosos, o ato de sonhar ganha ares esotéricos, neste caso revestido de poderes premonitórios.

Em algumas denominações religiosas é comum ouvir a frase “ tive um sonho de revelação contigo”, que grosso modo, seriam mensagens divinas direcionadas aos fiéis, que costumam levá-los muito a sério.

No senso comum, o ato de sonhar tem sempre um significado. Quando não ainda não tem cria-se um. Conheço vários casos.

Esses “significados” mudam de pessoa para a pessoa. É só sonhar, que começam os exercícios de interpretação. Tempos atrás, lá na Vila Lobão, apareceu uma senhora que vendia sonhos para jogadores do jogo do bicho. Teria dado certo uma vez e foi o bastante para casa dela virar um ponto de encontro dos apostadores. Por algum tempo vender sonhos foi seu ganha pão. Cheguei a noticiar “esse comércio exótico” quando trabalhava formalmente na imprensa local.

Já tive sonhos premonitórios. É verdade! Uma vez botei na cabeça que iria sonhar com as seis dezenas da mega-sena. Demorou, mas não é que sonhei! Não com os seis números, mas com cinco. Sabe quanto ganhei? Nada. As cinco dezenas saíram dispersas nos outros volantes, para minha inteira decepção.

Para não haver mais frustração passei a tratar os sonhos, dos quais lembro, com um certo lirismo. Uma vez tive um sonho assim “ meio louco” e traduzi dessa forma:

“No universo dos sonhos rostos perdidos surgem na imensidão do tempo. Alguns, com olhos brilhantes destacados na penumbra, sorriem; outros parecem indiferentes, e num terceiro quadrante alguns simplesmente só observam sem nada esboçar. Esses desapareceram na mesma velocidade que apareceram”

Numa outra vez, dormi lembrando do meu saudoso pai. Quando acordei foi com o texto abaixo reproduzido:

MÚSICOS SÃO ANJOS

Sonhei que anjos desciam à Terra, e que num final de tarde de Céu azul anilado, empunhando liras e harpas, executavam uma canção que nunca ninguém tinha ouvido.

Os filhos da Terra ficaram encantados com todos os sentidos vidrados no infinito azul e conectados àquela ária, ornada pela filarmônica de anjos, naquele instante ouvida em todo o Planeta.
Ao final, vendo que aquilo era bom para os ouvidos e a alma, nem todos os anjos retornaram para o Céu. Alguns permaneceram aqui para continuar a encantar a alma da gente com acordes celestiais.
Músicos são anjos, meu pai era um.

Passei então, desde o sonho frustrante com os números da mega-sena, a agir dessa forma. Quando o sonho é bom, não tem jeito, trato logo dele extrair uma tradução poética. E assim, sigo sonhando, sonhando, sonhando.

domingo, 12 de setembro de 2021


O ENCANTADOR DE SERPENTES

Quando a ciência ainda não se impunha tanto quanto hoje, alguns problemas simples, ou por vezes complexos, eram resolvidos por meio dos conhecimentos tradicionais, transmitidos de pai para filho; principalmente aqueles relacionados a saúde das crianças, e às vezes até dos adultos. Logo, quando apareciam, uma febre, uma diarreia, moleza no corpo, íngua, sol na cabeça e arca caída, a solução vinha das rezadoras (es) ou benzedeiras (os). Esses mestres e mestras tinham o respeito e admiração da comunidade.

Minha saudosa mãe Teresa me levou algumas vezes a rezadores. As lembranças são esparsas, mas recordo fortemente de uma vez em que fui levado para “cortar uma íngua”. Íngua é o aumento dos gânglios linfáticos, ou linfonodos, que, geralmente, acontece por alguma infecção ou inflamação; no meu caso era na região da virilha. Doía muito, e era seguida de febre.
A casa do rezador passava de simples. Era de taipa e coberta de palha de palmeira babaçu. O terreiro era grande, bem varrido e cheio de criações. Tinha muita galinha, e até uns porquinhos fuçando a terra. Do quintal da casa se levantava um cheiro forte de caju. Um frondoso cajueiro estava cheio de frutos maduros e as pipiras se fartavam deles. A lembrança do cheiro de caju maduro e a festa das pipiras não permitiram esquecer aquela tarde dos meus idos sete anos de idade.
Lembro de quando minha mãe chegou comigo, contou o problema e o rezador/benzedor pediu que eu tirasse a alpercata e firmasse o pé, do lado da íngua, no chão. Depois, com uma faca de cabo de chifre de boi riscou ao redor e tirou a medida. No desenho do pé, ao mesmo tempo em que movia os lábios com uma oração ininteligível, fazia pequenas cruzes. Terminado o ritual, minha mãe agradeceu ao mestre e fomos embora. Não demorou muito eu já estava correndo pelos quintais da vizinhança novamente.

Era assim, sem médico ou fármacos o jeito era apelar para fé na forma de rezas, chás, banhos e unguentos.

Tenho uma cunhada que é estudiosa dessas tradições. Tanto que já apresentou, a convite de uma instituição de ensino, um trabalho cientifico sobre o tema, em terras portuguesas. É, há ciência escondida também nesses costumes.

E o encantador de serpentes do título do texto? Não posso esquecer dele! Eles ainda existem. Fragmentos dessa antiga tradição ainda são encontrados em algumas regiões do Maranhão. Conheci um, logo no início da pandemia do coronavirus, em São Raimundo das Mangabeiras, no sul do Estado. Fiquei curioso quando um sobrinho por afinidade disse que iria procurá-lo, depois de perder uma vaca de leite e três cabras, vítimas das picadas das serpentes. Já tinha dado certo uma vez, daria outra, contou ele.

Na casa do encantador de serpentes era um entra sai de pessoas da comunidade. Quando cheguei com o sobrinho ele estava “alinhando a arca de um vizinho”. Todo animado, com uma velha camisa ele tirava as medidas do “paciente”

- Tá vendo aqui, ó. Tem uma diferença grande. Vamos ajeitar isso, agora! -

A arca caída, espinhela caída ou peito aberto, é uma doença (popular) que se caracteriza por forte dor na boca do estômago, nas costas e pernas, seguida de cansaço anormal. Pois o encantador de serpente garantiu, ali na minha frente, que com sua reza deixava qualquer um curado.

E o que ele iria fazer para “expulsar” as cobras da fazenda do meu sobrinho? Cobrou R$ 300,00, mas disse que daquela vez não poderia, como da outra, ir até a terra porque já tinha uma viagem marcada. O encantamento daquela vez seria remoto, como tudo no País no primeiro semestre de 2020.

-Mas, não se preocupe. Vou fazer o serviço daqui mesmo! Garantiu, ao fechar o negócio.
Numa rápida conversa com o mestre das cobras ele me disse que aprendeu o oficio de rezador e encantador de serpentes com o avô, e que já estava preparando o filho para sucedê-lo. Gabou-se também de que ninguém nunca reclamou dos seus serviços.

E qual foi o resultado da empreitada da expulsão das cobras?

Cinco meses depois, já em Imperatriz, ocorreu-me de ligar para meu sobrinho para perguntar. A resposta foi na bucha.

- Sumiram! Nunca mais perdi uma vaca. Agora temos um encantador remoto de serpentes na cidade.

terça-feira, 6 de julho de 2021

OS DESAFIOS DA LEITURA: O que ela pode fazer por mim, por você , e por nós

 


Certa vez em algum dispositivo de leitura, que não lembro de ter sido um livro, um quadro, uma revista, deparei-me com uma frase atribuída a um grande escritor brasileiro que uma vez registrada na minha mente, jamais foi esquecida. A frase dizia: quem mal lê, mal ouve, mal fala e mal vê. Por incrível que possa parecer essa frase passou a ser para mim uma espécie de guia.

Tal frase me levou a refletir e chegar à conclusão de que para nós, enquanto humanos e herdeiros deste planeta, seja em qualquer idioma esta é uma das grandes verdades.

Mais, no vídeo ☝


QUE IDADE TENDES?

A maioria das pessoas tem o hábito de perguntar a idade um do outro. A reação quanto à pergunta varia de pessoa a pessoa. Mulheres adultas odeiam este tipo de abordagem, que até já entrou para o rol das deselegâncias, para o rol do chamado politicamente incorreto.

Trata-se de uma inquirição que jamais deve ser feita a uma mulher.  Experimente fazê-la e você correrá o risco de ganhar uma inimiga para o resto da vida!

Os homens, exceto aqueles extremamente vaidosos, costumam não ter muito problema com a pergunta. Tem uns que até gostam, principalmente quando aparentam, a melhor, não ter a idade constante na certidão de nascimento. Uma prova inconteste da vaidade inata de cada um. Nesse quesito, uma verdade:  uns mais outros menos, todos os seres humanos são vaidosos.

Quem não gosta de ouvir expressões, mesmo sendo por puro protocolo social, do tipo: nossa, você não aparenta ter a idade que tem. É muito jovem!

Para essas pessoas, mesmo sabendo que o interlocutor mente socialmente, é revigorante ouvir coisas do tipo:  “ é seu irmão, ou sua irmã, esta pessoa aí do seu lado? ”  Olha só, nem parece que são pai (mãe) e filho (filha)!

Qualquer um (a) depois que entra nos “entas”   faz cara de gozo quando passa por um rito social como esse.

Particularmente, desde que entrei na fila dos “entas”   nunca me incomodei quando alguém pergunta minha idade, mas ao raciocinar sobre o assunto gerei uma resposta pronta para, quando for necessário, mostrar a “desimportância” que isso tem. Até porque a resposta é relativa, uma vez que ninguém no mundo tem a idade que aparenta.  Parece confuso, mas, não é?    

Da próxima vez que alguém me perguntar:  que idade tendes?  Se tiver com um pouco de paciência vou responder mais ou menos assim:

-Tenho a idade do Planeta Terra, pois dele descendo e dele, tenho em mim, um pouco do seu todo.  Temos “poucos mútuos”, fragmentos de cada um-

Ou então posso sair com essa:

- Tenho ainda outras idades com as quais posso me entender e compreender-me a vontade, sem problema nenhum.

- Tenho a cronológica, que mede minha trajetória terrena, a partir da minha chegada com vida com vida, por aqui.   Essa é bem legal   porque a gente faz festas, recebe mensagens, presentes, manda celebrar missa, cultos de louvor, viaja e recebe muitas mensagens pelas redes sociais.

Sobre as outras idades posso invocar ainda a idade mental.  Tem muita gente cronologicamente jovem com a mental mais do que envelhecida e muitos cronologicamente idosos com a mente extremamente jovem.  Viu agora o porquê de ninguém nunca tem a idade que tem?

Está claro que além da gente não ter apenas uma idade ainda temos a prerrogativa de escolher a idade que queremos ter.  Atualmente qual é a sua?

Ainda sobre a idade cronológica minha amiga e colega de trabalho Zilda Reis, que neste três de julho completa mais um natalício, gosta de celebrá-la. O hábito vem lá da infância.  Quando chega seu mês (Julho) é uma empolgação só. O interessante é que ela não comemora apenas o dia três, data do seu nascimento, mas o mês inteiro.  Logo , até o dia 31 ela estará celebrando a vida, é  um ou mais  parabéns por dia. Não sei , nem tenho a coragem de perguntar, mas  a cada aniversário cronológico, ela fica mais jovem.

 

QUANDO DEIXEI DE ACREDITAR EM PAPAI NOEL

    ElsonMAraújo Neste dezembro de 2023, mais precisamente no próximo dia 25, completarão-se 49 anos desde que deixei de acreditar em Papa...