domingo, 25 de janeiro de 2015

SEDUCÃO E MORTE


                                         Foto ilustrativa- site deixa de frecura.

 Era a sedução em pessoa. Não tinha culpa de ter vindo ao mundo com uma beleza extrema, a  ponto de arrebentar o juízo e encher de fantasias a cabeça de qualquer cristão, fosse homem ou mulher. 

Impossível cruzar com aquela criatura terrena e não se deixar seduzir;  fosse pelo olhar,  de um  negro profundo, fosse pelo simples meneio de cabeça  que valorizava ainda mais seu longo, brilhante,  bem cuidado e preto  cabelo. A bela sabia como ninguém usar a seu favor aqueles belos traços forjados pela genética.

Letícia era o belo  encarnado, mas por  trás daquela beleza, e de uma  suposta alegria, havia uma mulher misteriosa e que gostava de matar.

 A beleza de certa forma acabava por funcionar como um disfarce. Ninguém imaginaria aquela linda  criatura como uma assassina  contumaz.

 Naturalmente  bela, já com seus 26 anos Letícia, com todos os atributos que natureza  lhe deu distribuídos em 1,70 metros de altura  não fazia muito esforço para seduzir e eliminar suas vítimas. Todas do sexo masculino. Odiava os homens.

O sofrimento vivido na infância e na adolescência lhe transformara, a seu modo,  numa espécie de vingadora.

 Acompanhava os programas de rádio e TV ; e  lia jornais para identificar casos envolvendo homens que estupravam e espancavam mulheres e que por um ou outro motivo  ficavam impunes. Assim, dessa maneira,  com o passar do tempo, começou a selecionar    suas vítimas.

 Escolhida a vítima,  começava a frequentar os bares, botecos, puteiros, bancas de jogos de azar,  a  que ela  costumava ir. Já tinha feito aquilo inúmeras vezes. Para Letícia, era muito fácil, seduzir e eliminar suas vitimas. Após cada crime era remetida ao tempo de adolescente  quando matou pela primeira vez. Corria ao banheiro mais próximo, vomitava e logo em seguida caia em prantos para em seguida sair como se nada tivesse acontecido.

 Letícia não conheceu a mãe, que morreu no dia em que nasceu. Foi criada pela madrasta Olinda. O pai, um irresponsável, vivia à custa da mulher a quem tinha o hábito de espancar sempre que chegava bêbado, ou seja,  todos os dias. A menina  assistia a tudo, impotente,  chorando e sem poder fazer nada.

 Um dia, quando tinha 15  anos, a garota  tentou defender a mãe e levou a maior pisa da sua imberbe  vida. A coitada foi parar no hospital;  mesmo assim, com medo, a mãe preferiu não denunciar o machão para as autoridades.

 Letícia acabou entrando para a rotina de espancamento do pai. Era  ele se embriagar para chegar em casa arrebentando tudo e batendo em todo mundo.

 Cansou  daquela vida. Ou ela mesma tomava uma providencia ou acabariam, ela  e a mãe mortas. Saiu do hospital com um propósito:  Ia matar a desgraça do pai, e já sabia como.

 Insinuando-se  um pouquinho para o velho, que há muito já vinha olhando pra ela  de maneira diferente, e que por duas vezes tentara  abusar sexualmente  dela,  este não resistiria. Perfeito para seu plano. Só  precisaria naquela segunda-feira, dia de folga do trabalho   da mãe,   tira-la de casa. E assim fez: a convenceu  a visitar uma comadre que não via há meses  e que morava num município vizinho. Só voltaria no dia seguinte.

 Letícia já sabia do horário que o pai  costumava chegar em casa. Ficou  de  calcinha e uma  blusinha transparente de alça deixando os jovens seios quase à  mostra, e se postou na frente da TV  aguardando o “pudim de cachaça”   chegar.  Aos 15  anos  era uma mulher formada de tamanho e corpo e naturalmente sedutora. 

 Foi o pai entrar em casa bater os olhos na filha  deitada languidamente no  sofá para entrar em ação.

 -Hoje, tu não me escapa, diaba dos infernos- E não adianta gritar. Ninguém vai te escutar pra vir te socorrer.  Não dessa vez !  Eu não plantei roça para  outro colher. Essa roça é minha- vociferou o elemento  com a voz pastosa pelo efeito do álcool

 Letícia estava assustada e nervosa. Poderia dá um jeito de fugir e deixar de lado seu plano, mas pensou no sofrimento da mãe;  naquela pisa que a levou  a passar quatro dias no hospital e o que poderia acontecer lá na frente se  não tomasse uma providência.

 Era ali, naquela circunstância, ou nunca.  E já sabia o que ia fazer.

 Diferente das outras vezes, Letícia não correu, não gritou. Procurou esquecer o medo, e o terror que lhe acometia e esperou o próximo passo do safado. Naquele instante localizou mentalmente  onde havia escondido o instrumento que usaria para acabar com aquele, que embora fosse seu pai, considerava um monstro.

 Cambaleando, já sem camisa, com um bafo de matar até o mais resistente dos insetos  e  com uma catinga de quem não tomava banho havia uma semana,  o pai  partiu com voracidade para cima da filha que ficou ali inerte enquanto era beijada, ou melhor babada,  no pescoço.

 Por um instante diante do peso daquele homem sobre seu corpo adolescente deu vontade de vomitar. Se controlou;  engoliu um amargo  inicio de vômito, mas aguentou firme,  faltava muito pouco pra tudo aquilo acabar.

Ao sentir o pai  tocar violentamente na sua vagina, e com a outra mão apertar fortemente seus imberbes seios, Letícia  sentiu uma dor lancinante. Naquele instante  começou a executar a parte final do plano. Fingiu gostar de tudo aquilo.

 - Eu sabia. Tu és tão cachorra quanto tua madrasta. Hoje tu vai experimentar pela primeira vez um homem- gritava o bafo de onça no ouvido da filha.

 - Espera só um pouquinho tigrão vou te mostrar que não sou mais uma garotinha- disse Letícia  demonstrando que queria ficar por cima do pai que, confiante permitiu rapidamente.

 - Preciso, ser rápida senão  estarei perdida- pensou a ninfa.

- Feche os olhos tigrão você não sabe o que  te espera- O pai  obedeceu sem trastejar.

 Ali, naquele momento, enquanto enojada  Letícia beijava o peito cabeludo e fedorento do pai,   pegou o prego de dez centímetros guardado debaixo de uma almofada e, ao mesmo tempo  em que  levemente acariciava a orelha esquerda  do homem, numa rapidez inimaginável  naquela circunstância, enfiou  com um único golpe o instrumento no ouvido direito  dele e  se levantou  rapidamente.

O homem  também se levantou gritando –

- Maldita, desgraçada, vagabunda! O que você fez comigo?

 Cambaleando com mão tentando arrancar o prego o homem tentou partir pra cima de Letícia que correu e se trancou no banheiro.

 Daquele  aposento  quente e abafado ouviu por alguns instantes, gritos, palavrões e objetos caindo até tudo silenciar por completo.  Pôs as mãos nos ouvidos, sentou num canto do banheiro, abraçou os joelhos e  como um filme reviveu os incontáveis momentos em que junto com a mãe foi espancada e humilhada por aquele homem que dizia ser seu pai.  Letícia chorou.  Já passava das três horas da madrugada.

 Abriu cuidadosamente a porta do banheiro e se deparou com aquela criatura caída, já sem vida no meio da sala. Naquele instante  começou a vomitar. Pôs pra fora tudo que tinha comido  naquele dia.

 A atilada menina sabia que não adiantaria inventar nada para escapar daquela situação. Ficou ali  a aguardar o dia amanhecer. Tinha consciência  de que se  livrou de um problema, mas  arranjara outro. Pelo menos tinha deixado a mãe de fora. Ia assumir tudo sozinha. Nenhuma das duas ia mais  apanhar.

Letícia passou  três anos internada, por determinação da Justiça, numa instituição para menores de onde saiu mais do que revoltada. O que o pai  não conseguiu naquela noite sinistra, o diretor da instituição conseguiu. A garota perdeu a virgindade um mês depois da internação da maneira mais perversa possível.

 O diretor quis dividir a responsabilidade  daquele estupro com os outros cinco companheiros que naquele dia,  à noite,  estavam de plantão. Se contasse para alguém seria morta, foi advertida diversas vezes por seus algozes.

Letícia  passou o período de internação planejando a vingança contra cada um de seus violadores.

O  primeiro passo  foi fingir-se,  apesar do intenso sofrimento, indiferente ao que tinha lhe acontecido ali naquele centro de internação para menores infratores e ainda fingir, bom humor, alegria.

 - Todos eles vão me pagar, e caro. Jurou a menina que  já sabia como.



segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

BRAÇOS DO MUNDO


Braços fortes abraçam o corpo do mundo que geme de dor. 
Nos braços dos fortes o mundo se acalenta , e chora pela soberba dos fracos que lhe impingem a dor.  

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

TEMOS ASAS

Quando estou triste ponho as minhas asas e voo na direção do ponto mais alto da Terra. 

De lá, a contemplar a vida, percebo que pra chegar ali tive que voar muito; é quando descubro a importância das minhas asas. 

De repente, mais que de repente, volto a sorrir. Pronto, a tristeza foi embora.

Só se voa quando se percebe que se tem asas.

QUANDO DEIXEI DE ACREDITAR EM PAPAI NOEL

    ElsonMAraújo Neste dezembro de 2023, mais precisamente no próximo dia 25, completarão-se 49 anos desde que deixei de acreditar em Papa...