(Foto ilustrativa-http://www.google.com.br/imgres?
Carregava um enorme
peso emocional naquela noite.
A discussão, horas
antes, com a mulher que amava tinha sido muito forte.
O jogo de palavras, a
expressão corporal de ambos naquele instante de intenso desequilíbrio quase
resulta nas vias de fato.
Felizmente um amigo
comum do casal apareceu e acalmou os ânimos. Acabou a confusão, mas ficaram
marcas nos dois lados.
Érico, desnorteado, saiu cantando pneu da porta de
casa. Já passavam das 10 horas da noite. Milhões de pensamentos passavam
naquele instante pela sua cabeça.
-Pronto! Vou me jogar
com carro e tudo dentro do rio. Ela vai ficar com um sentimento de culpa pelo
resto da vida- pensou o homem.
Rápido, recuou desse
sinistro pensamento. Lembrou que a vida não se resumia a ele, ou à sua mulher. Não
tinha filhos, mas havia os pais, os irmãos os amigos, o trabalho. Era muita
coisa em jogo para “jogar tudo da ponte”.
- Negativo! Não é assim que vou resolver essa situação.
Vou encontrar outra saída- pensou Érico
sem perceber que o velocímetro do carro
já assinalava 140 quilômetros por horas.
Estava decidido salvar
a relação. Ia amanhecer em casa com uma bela cesta de café da manhã e um
bouquet de rosas. Não valia a pena continuar naquele clima já que o motivo da
briga tinha sido tão banal. Daria sim, para resolver tudo quando o sangue
esfriasse.
Era perto da meia
noite. Érico se aproximava da cidade onde pretendia pernoitar quando,
uma luz forte e incandescente, vinda do alto
rompeu a escuridão da estrada se concentrando sobre o seu carro. Reduziu a velocidade.
Às cegas e assustado e agindo por instinto puxou o veiculo para o
acostamento.
Abriu bruscamente a
porta do carro, levantou as mãos para se proteger daquela luz que parecia
naquele instante queimar-lhe todo o
corpo.
Correu sem direção
tentando encontrar um lugar seguro.
Acabou caindo e rolando numa encosta.
A luz forte continuava sobre ele. Tentou gritar, pedir socorro, mas a
voz não saía. O calor aumentou ainda mais com o aproximar daquela estranha luz.
Perdeu os sentidos.
As últimas coisas de
que se lembrou quando acordou no
Hospital foi de ter visto um par
de olhos vermelhos e brilhantes saídos do meio daquela luz e de uma mão grande e extremamente fria tocando- lhe a testa.
Sentia naquele
momento uma dor de cabeça como nunca na
vida; percebeu que tinha quebrado a
perna direita e estava com escoriações por todo corpo.
Mais do que no resto do
corpo uma minúscula e, quase imperceptível marca no centro da testa doía mais
do que tudo. Justamente o local onde teria sido tocado pelo dono daqueles olhos
vermelhos e brilhantes.
- Você sofreu um grave
acidente na BR, meu amor. Graças a Deus, você saiu com vida. Um caminhoneiro
viu seu carro tombado na beira da estrada desceu e encontro você alguns metros adiante, desmaiado-
informou a esposa de Érico.
Anos se passaram, Érico
conseguiu salvar a relação com a mulher. Reviu conceitos, mudou rumos e decidiu
voltar-se mais para as coisas do espírito.
Sobre a luz forte e
incandescente não teve coragem de contar para ninguém. Temia ser alvo de
chacotas. Também estava confuso. Não sabia se tudo o que viu naquela noite
tinha sido realmente verdade ou fruto de sua imaginação depois daquela briga
terrível com a esposa.
Até hoje, de vez
quando, Érico vai ao espelho e ali constata
um marca, quase imperceptível, na testa.
Local onde teria sido
tocado por uma mão grande e fria depois de ter sido perseguido por um facho de
luz quente e incandescente.
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