De tanto ouvir o nome cismou: -- preciso
conhecer esse tal de Sistema. Puta que pariu esse cara está em todas--, pensou
o simplório vaqueiro na porta da agência do INSS, onde fora dar entrada no
auxilio doença.
Machucou-se ao pisar de mau jeito num
" mata burro" na fazenda onde trabalha desde a adolescência. Sentia
muitas dores no pé esquerdo e o jeito era se encostar, até poder voltar a
trabalhar.
--O sistema saiu do ar, não posso mais
atendê-lo hoje. Só daqui a cinco meses-- disse uma mal humorada atendente ao
vaqueiro.
--Mas dona eu moro num povoado a 200
quilômetros daqui-- retrucou o vaqueiro.
-- Moço eu já não lhe disse que só daqui a
cinco meses? Não tenho culpa se o sistema saiu e não tem hora pra voltar--
detonou a atendente.
Nelson saiu dali soltando fumaça afinal,
era a terceira vez que esse tal de sistema atrapalhava sua vida num único dia.
Estava odiado.
Lembrou que no banco, onde fora sacar uma
merrequinha pra almoçar, o nefasto do sistema não permitiu a operação.
-- Quando o sistema sai não se sabe a hora
que volta. Melhor o senhor vir outro dia- aconselhou o guarda da agência.
Dali seguiria até o INSS. Precisava pegar
um ônibus.
Morto de fome Nelson, com o pé latejando de
dor, esperou 10, 15, 20 30 minutos na parada e nada do coletivo. Uma multidão
que assim como ele esperava o bendito transporte começou a reclamar em voz
alta. Passava das 10h30 da manhã. O dia abafado e calorento deixou o vaqueiro
uma pilha de nervos.
-- A culpa é do sistema que não permite a
entrada de outras empresas-- protestou um entusiasmado estudante.
-- O sistema é realmente bruto--completou
um rapaz com o uniforme de uma empresa de construção civil que também esperava
há muito a chegada do coletivo.
Nelson ouviu tudo aquilo indignado. Nada do
ônibus passar e o horário da audiência no INSS chegando. Decidiu ir mesmo a pé,
embora cheio de dores.
Com fome, sede, dor, suado e cansado, ainda
ali na porta da agência lembrando
daquela fatídica manhã, o vaqueiro não tirava o sistema da cabeça. Era
tanto ódio que chorou e num momento de fúria, no alto de sua ignorância, voltou
pra dentro da agência, se dirigiu até a atendente e soltou um gritou que chamou
a atenção de todos.
--Moça pode dizer pra esse maldito sistema
que se continuar a me perseguir e a atrapalhar minha vida, juro que da próxima
vez que eu voltar aqui, eu mato ele.
Um comentário:
infelizmente,esse tal de sistema ainda atrapalha muitos cidadãos que vivem escondidonesse mundo,é uma pena.
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