O nome dele eu não sei. Só sei que cometeu um crime e por isso estava
preso já a algum tempo. Um dia a segurança deu um vacilo e ele escapou e nessa
condição poderia ter permanecido se não fosse por uma dessas ocorrências que “
bolem” muito com qualquer bicho que esboce algum tipo de emoção. No caso em
apreço, a morte do pai do fugitivo do sistema penitenciário.
No esconderijo foi informado da
triste ocorrência. Consta que chorou muito após lembrar da figura do paterna
com quem conviveu durante anos e que naquele instante jazia num caixão e, era
velado pelo restante da família e amigos. Precisava se despedir do pai morto mesmo
correndo o risco de ser recapturado.
A emoção venceu o medo. O fugitivo
levando consigo a tristeza, e as boas lembranças do pai decidiu ir ao velório. A
presença dele naquele ambiente cheio de
tristeza e lágrimas logo chamou a
atenção de alguns curiosos que já sabiam que {ele} tinha escapado da
cadeia. Logo um alcaguete , ou “
cagueta como é chamado no jargão
policial esse tipo colaborador da polícia, tratou de avisar as autoridades.
Não demorou muito a presença da
polícia foi sentida no lugar. O fugitivo, armado, ao perceber que poderia voltar pra prisão
entrou em processo de fuga diante dos olhos de todos. A Polícia percebeu a
movimento dele e pôs-se a persegui-lo. A
“caça” correu para um matagal ali perto, os policiais atrás.
Ao longe o som de alguns estampidos
deixou o povo do velório atordoado e
apreensivo. O forte tiroteio era
prenúncio de que poderia haver um banho de sangue no até então pacato povoado.
Não houve.
O enlutado fugitivo do sistema penitenciário conseguiu
se livrar do cerco policial e
desaparecer no meio do mato. Foi
terminar de chorar a morte do pai muito longe da polícia e dos parentes que
deixou para trás.