sábado, 22 de junho de 2019

TALENTOS DO MEU PAi

Meu pai era múltiplo. De tudo fazia um pouco. Ourives, barbeiro, flandreiro (funileiro). Também era um craque  com a palha do babaçu .

Muito procurado fazia  com zelo alianças de ouro de casamento, e anéis de prata.

Do flandre confecionava lixeiras, lamparinas, bombas de querose, fogareiros e, aqueles aviõezinhos que amarrados a uma linha forte e rodados sobre o eixo do corpo da gente fazia tanto barulho que deixava enlouquecido quem estava por perto. A meninada gostava muito já  os adultos, não.

O mestre Zuza era muito bom com as mãos.  Rapidamente cortava a palha e  confeccionava com agilidade  um abano, cofo, esteira e o que a criatividade apontasse.

Nas horas vagas ainda tecia tarrafa pra ele pescar.

Orgulhava-se de ter aprendido  a tecer tais utensílios com minha avó Inês Brito.

De tudo meu pai fazia um pouco mas sua paixão era mesmo a música. Aprendeu sozinho a tocar saxofone  ainda quando criança e não parou mais.  Notas musicais só veio a conhecer tecnicamente já homem feito.

Dizia que só deixaria de tocar quando Deus o levasse  e assim o fez.  Papai partiu deste plano num 17 de Abril, seis dias após completar 74 anos.  Pouco antes de cair doente  fez um esforço danado e deixou como herança dois CDs com músicas de sua autoria produzidos pelo mestre Hélio Amaral.  Quando a saudade arrocha me ponho a ouvi-los e a lembrar da figura carismática que foi e sempre será o Mestre Zuza.

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