Nossa crônica
deste sábado tem relação com a da semana passada, quando fizemos uma abordagem
sobre o uso dos nossos cinco sentidos conhecidos- Visão, audição, paladar, olfato e
tato- É que há quem diga que existiria
um sexto sentido, e que este seria o verdadeiro segredo do poder dos bruxos e bruxas
que estão espalhados pelos cantos do
mundo.
E elas, e também
eles, existiram, ou ainda existem?
Existem sim!
Embora haja
alguns raros bruxos, a dominância é das
bruxas e bruxinhas. Elas estão bem pertinho de nós, e nem as percebemos.
Conheço vários desses seres, e ao contrário do que se imagina, não pertencem ao
mundo das trevas. São, na verdade, cheios de luz e só espalham o bem. O
problema é que ao longo da (e) história espalharam várias fake News, e os queridos bruxos e bruxas tiveram a imagem arranhada.
A campanha
difamatória contra as bruxas criou no inconsciente coletivo uma falácia: elas
pertenceriam ao lado clandestino da força
e surgiram só para fazer maldades.
No início desta semana,
ao conversar com uma bruxinha, a quem devoto respeito e admiração, surgiu a
ideia de uma investigação para apurar quem iniciou essa campanha de calunia,
injúria e difamação contra as bruxas.
Se vivos, poderíamos
enquadrar de início os irmãos Grimm.
Por motivos que ainda não consegui identificar, foram eles, nos idos de 1817, que
construíram, ou melhor, compilaram um tradicional conto de fadas da oralidade
alemã da época, e publicaram como Branca
de Neve.
No conto dos
Grimm aparece a rainha Grinhilde que, travestida de bruxa, com ciúme e inveja da
bela Branca de Neve tenta acabar com ela. Com todo respeito aos confrades alemães, mas
Grinhilde, numa interpretação livre, não era uma bruxa, mas se fez passar por
uma. Falseou a verdade, fingindo ser o que não era, e conseguiu enganar Branca
de Neve induzindo-a a comer uma maça envenenada com o dolo, ou seja, a intenção
de matá-la
O genial Walt Disney
tratou de queimar mais ainda o filme das
bruxas ao levar para os cinemas a animação Branca de Neve e os Sete Anões,
em janeiro de 1937. No filme, a Rainha má, a falsa bruxa, parece ainda mais
malvada. Disney, assim como irmãos Grimm,
também leva a culpa pela imagem ruim das bruxas.
Um pouco antes
de Branca de Neve os Grimn, já tinham se apropriado de uma outra fábula, o príncipe e o sapo. Nesse conto um
príncipe é transformado em um sapo muito feio por uma suposta bruxa má. Li várias
vezes o conto e não encontrei provas de que a tal bruxa de fato era uma bruxa.
A magia bem poderia ter sido feita por um dos demônios que vagam pela Terra, mas
quem até hoje leva a culpa é a suposta bruxa.
O
nosso Monteiro Lobato também tem um pouco de culpa pela má fama das bruxas. No
livro O Saci, de 1921, ele começou a popularizar a Cuca, “uma horrenda bruxa”
que vivia numa caverna na floresta e dormia uma noite a cada sete anos. A Cuca ficou famosa na série de TV inspirada
da obra de Lobato, o Sítio do Picapau Amarelo.
Ocorre
que ao analisar o texto do pai da Narizinho, Pedrinho, da Boneca Emília, Tia
Anastácia e dona Benta, chega-se à seguinte conclusão: as ações da Cuca nunca
foram de uma verdadeira bruxa, sendo suas atitudes mais próximas da de um
demônio.
Tadinhas das bruxas! Não se insurgiram contra essa campanha
histórica de difamação, e hoje padecem por conta disso.
A campanha
difamatória contra as Bruxas não para por aí. No universo dos quadrinhos surgiram
a Madame Min, a Maga Patológica, aquela
que a todo custo tenta roubar a moeda da sorte do avarento Tio Patinhas. E
ainda têm as estilosas, Feiticeira
Escarlate, Circe, famosa por ser a
inimiga da mulher maravilha, Nimue,
Zatanna, Baba Yaga, Madame Xanadu e Hecate, considerada a deusa das bruxas.
Personagens que, na essência, são
boazinhas, mas que foram satanizadas pelas mentiras e meias verdades espalhadas
pelos quadrinhos e pelo cinema.
Escrever carrega
algo de sobrenatural. A ideia inicial do tema de hoje era falar sobre o enigmático,
poderoso, e suposto sexto sentido, mas acabei sendo desviado (será se foi algum
tipo de magia?) para esta defesa das bruxas.
Na dúvida, se
esse desvio foi obra de alguma magia, hoje mesmo vou procurar a bruxinha com
quem conversei no começo da semana. Quero saber se ela tem alguma coisa com
isso. Será?
Bem, como ela
não se esconde, e não tem medo de ser queimada
na fogueira pelo exercício de seus múltiplos poderes, vou aproveitar e
revelar a identidade dela. É melhor assim!
Minha amiga é a
prova viva de que as bruxas não são malvadas, e que tudo o que foi dito até
hoje contra elas é fake News, intriga da
oposição.
A bruxinha de quem
eu falo chama-se Drija. Tem sangue medieval europeu, e mora já um tempão em
Imperatriz. Suas “poções mágicas” já ajudaram a salvar milhares de vidas. É
elegante. Tem um riso e uma presença muito fortes. Quem chega perto dela, logo
se encanta. Mas tem algo que quando ela manipula a torna gigante, tipo do tamanho do mundo. A Bruxa Drija
seleciona as letras, põe num caldeirão de
sensibilidade, e deixa elas ali, numa espécie de “banho maria”, enquanto ao
piano entoa canções mágicas. Não demora muito a criatura surge diante da
criadora: uma pura e límpida poesia.
A bruxa Drija tem
uma identidade secreta, que na verdade não é mais secreta pois vou revelar
agora.
Gratidão Adriana
Moulin Alencar Piccoli ! Foi sua magia, seu encanto que inspirou a crônica
deste sábado. A do sexto sentido vai ficar para a semana que vem.