Uma explosão e ela foi parar
longe, muito longe. Caiu no meio de uma floresta tão densa, tão fechada que a
luz do sol não conseguia penetrá-la. Ficou triste por ter caído ali naquele
lugar. “ Aqui, jamais serei encontrada”
pensou.
Pesava pouco mais de um
quilo e possuía forma arredondada. A explosão lhe deixara marcas, na
verdade sulcos onde com o passar dos
anos brotaram musgos que lhe deram uma tonalidade escura lhe deixando ainda mais camuflada. A
pedra começou a chorar já que coberta daquele jeito ser encontrada ficaria
ainda mais difícil. Tinha consciência do seu valor, no entanto, ali naquela floresta sem luz e coberta de
musgo, para o resto do mundo, não teria valor algum. Voltou a chorar.
De tanto chorar com o passar
dos anos as lágrimas da pedra começaram lentamente a formar um filete de água
que mais tarde tornou-se um riacho. Agora ser encontrada ficaria ainda mais
difícil, e o pior que era tanta tristeza que não conseguia mais parar de
chorar.
O sonho da Pedra era ser
encontrada e reencontrar suas irmãs perdidas naquela explosão e junto com elas
fazer história em algum monumento arquitetônico da humanidade tipo as famosas
pirâmides do Egito, ou os castelos europeus, seria a glória. A Pedra pensava grande, no entanto jazia ali,
no meio daquela floresta e agora coberta por um vale de lágrimas formado pelos
anos de choro.
O filete de água, que
formara inicialmente um riacho agora era um rio de grandes corredeiras, grande
volume de água e cheio de vida. Na sua
frente a pedra via várias espécies de peixes e outras criaturas que encontraram
naquele ambiente o lugar ideal para viver. Vez por outra um peixe, em sinal de
agradecimento, se aproximava e carinhosamente retirava os excessos dos musgos
que lhe envolviam. Aquele carinho soava como um beijo. Tudo aquilo era bom, mas a Pedra queria mesmo
era ser encontrada e mostrar para o mundo seu valor, seu brilho.
Anos e anos se passaram e certo dia a pedra começou a perceber movimentos além dos
das criaturas do fundo do rio e dos sons
vindos da floresta. Nunca tinha ouvido
nada igual desde o dia da explosão que lhe fizeram cair naquela mata fechada.
Não via mas, sentia,
ouvia e percebia árvores caindo, animais
correndo e emitindo sons de quem estivesse correndo de algo. Ao fundo o barulho estranho de algo que não
era dali. Ainda não conseguia
identificar o que na verdade estava acontecendo. Será que agora seria finalmente encontrada.
Ficou ali fazendo planos.
Dormiu por dias pensando na possibilidade de finalmente realizar seu grande sonho: mostrar para o
mundo o seu valor e sua importância.
Quando acordou ao seu redor
não tinha mais água, não tinha mais peixe e nenhuma outra criatura aquática.
Seu corpo ardia e logo percebeu que era efeito do sol forte de verão. Não via o
sol desde aquela terrível explosão. Antes de se situar do que tinha ocorrido fora apanhada de
surpresa por uma máquina estranha que lhe juntou com outras pedras da sua espécie.
Finalmente a Pedra que caiu
na floresta escura, que chorou dias e noite, cujas lágrimas formaram um riacho
e depois um grande rio integrava um monumento, não um palácio, castelos, ou
pirâmides, mas o de com milhares de irmãs formarem as paredes gigantescas daquela hidroelétrica que fornece energia elétrica a partir do rio
que se formara com suas lágrimas.
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