O problema estava ficando
sério demais. Não estava mais circunscrito àquela órbita. Se quisessem morrer,
que morressem sozinhos sem causar a morte dos vizinhos de galáxias. Era preciso
ser feita alguma coisa até porque depois da superfície o lixo, produzido naquele
planeta irmão, começava a poluir também o espaço sideral e a ameaçar outros
astros. Não, a situação não era de omissão, mas de ação.
-De
longe assim, nem parece uma ameaça. É um planeta tão bonito, tão belo, tão azul-
comentou a esposa daquele líder intergaláctico.
-É só de longe, esposa. Amanhã faremos a última reunião para resolver
esse problema causado por eles. Não sairemos de lá sem uma tomada de decisão.
Eles estão sem comando, sem gestão- disse com firmeza o líder.
O encontro das lideranças intergalácticas
estava marcado para acontecer num Exoplaneta. Tratava-se de uma reunião
ultrassecreta e seria temerário realizá-la em qualquer
planeta daquela galáxia.
-Identificamos centenas de exoplanetas. Decidimos que a reunião será num
deles, já escolhido. Nem para você, que é minha esposa, posso dizer em qual
deles definiremos o que fazer por aqueles irmãos nesses tempos difíceis- voltou
a falar líder.
Uma a uma as naves com as lideranças
intergalácticas foram chegando àquele distante Exoplaneta. Ao todo oito líderes,
representando os planetas daquele sistema, integravam o conselho que só se reunia
nos momentos de crises extremas.
Estrategicamente a liderança do planeta
problema não foi convidada. Estava perdida, não tinha mais autoridade, não
tinha mais forças para resolver a grave
situação do seu povo.
Para evitar vazamentos, a
reunião seria por telepatia. Daquela forma não haveria como o encontro ser
gravado. A partir do momento que fosse lacrado o portão toda e qualquer
comunicação seria telepática. E assim
aconteceu.
Resultado dos encontros
anteriores, algumas propostas já tinham sido apresentadas para resolver a
situação. Faltava a definição por uma
delas. A mais radical e, menos provável, seria
varrer o planeta problema do mapa
sideral.
-Pela
rapidez da operação eles nem vão sofrer. Temos tecnologia para isso. Poderíamos
fazê-lo no ciclo do sono deles- defendeu o pai da ideia, logo rechaçada. Por não
ter tido a ideia aprovada abandonou o encontro e não esperou para ouvir e votar
nas outras propostas.
A última proposta foi
apresentada por um decano do conselho acostumado a tomar decisões complicadas
nos momentos de crises. Era o mais hábil na comunicação telepática. Era também
o guardião das memórias e segredos do Conselho Intergaláctico. Anos antes, um
desavisado pirata da mente tentou hackear seus arquivos mentais e se deu muito
mal. De onde estava, o mestre percebeu a
tentativa de invasão e agiu rápido. De olhos fechados acionou um gatilho mental
e explodiu a cabeça do invasor. Sua proposta, a que sobrou, estava ali agora
para ser ratificada.
Pelo conhecimento da proposta
a votação seria apenas simbólica. O planeta não seria varrido do espaço, ou
penalizado com algo que viesse a destruir a vida por completo. Era preciso
frear a poluição do ar, dos rios, mares e oceanos, o descarte de lixo espacial
e a emissão de radiação nuclear. O Planeta precisava voltar a respirar em paz.
Uma semana depois da reunião
do Conselho Intergaláctico, no módulo invisível, uma nave pousava no continente
mais populoso daquele pequeno planeta problema. A operação foi muita rápida.
Dias depois, uma misteriosa moléstia começou a acometer os habitantes
daquele continente e, na velocidade da luz , tomou conta de todo o planeta.
Para evitar o contágio as pessoas passaram a
se isolar. O ritmo do planeta diminuiu. Em poucos dias, embora muitas vidas tenham desaparecido, o ar ficou mais puro, com
menos poluentes, os oceanos mais limpos. Até as baleias voltaram a frequentar
os muitos mares.
-
Missão cumprida! - Comunicou,
telepaticamente, o líder da missão aos membros
do Conselho Intergaláticos.
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