ElsonMAraujo
Em memória da
professora Maria Luíza Brandão
Não sei se é por conta da
maturidade, mas saudade tem sido um desses temas que chegam a mim com
frequência. Acredito que não se trata de uma exclusividade, minha. Aos sábados, quando o Jornal O Progresso, da
cidade de Imperatriz, sudoeste do Maranhão, abre as cortinas do seu caderno de literatura,
é comum encontrar um ou mais textos versando sobre saudade. O campeão,
disparado, é o mestre das crônicas Clemente Viegas, talvez eu fique em terceiro,
ou quem sabe, quarto lugar.
A professora Maria Luiza
Brandão, de saudosa memória, a mãe do Carlos, também in memoriam, e do
Francisco Brandão, e avó do jornalista Carlos Henrique, do Márcio e da Marcella,
gostava de conversar comigo, muita antes de eu me aventurar nessa seara da
literatura, sobre as crônicas que todos os sábados ou aos domingos ela lia em O
Progresso, e no caderno de cultura do Jornal O Estado do Maranhão. Quando não
destacava Sálvio Dino, que era cronista semanal de O Estado, comentava Viegas,
há anos questionando o social nas páginas de O Progresso e nas ondas da
Radio Mirante AM, de São Luís. E não tinha jeito, o que mais lhe chamava
atenção era quando os dois cronistas destacavam o elemento saudade.
“A gente viaja nas histórias
do Viegas. Ele nos conduz para dentro do que conta, fazendo a gente sentir
saudade, sem saber nem do que. O Doutor
Sálvio, é outro. Gosto demais do que eles escrevem”, dizia a inteligente e
antenada professora despertando ali, naquele instante, uma vontade danada de
também começar a escrever crônicas.
Tenho saudade das conversas
havidas com a professora, que era uma grande contadora de histórias. Pelo menos uma vez por semana, ali na esquina
da Simplicio com a Rua São Domingos, lá estava eu, a provocá-la sobre qualquer
assunto. De política a literatura, de tudo ela tinha uma observação. Com o
tempo, e o fortalecimento dos laços fraternais, com a permissão do Carlos e do Francisco,
passei a chamá-la de “mãe Maria Luíza”, seguida da frase “a moça mais bonita do
quarteirão”. Percebi que ela gostava daquele mimo. E foi assim, até ela adoecer, fechar o
comércio, e partir para o Oriente Eterno.
Foi numa das conversas com Mãe
Maria Luíza Brandão, que descobri a história do Frei Alberto Beretta, o
padre/médico de Grajaú, que na década 1960 ganhou fama de santo pelas curas inimagináveis,
para a época, de alguns doentes que se avistavam com ele. A história me rendeu uma bela reportagem sobre
o padre, que no interior do Maranhão teria sido, embora não reconhecido, o
precursor do uso de células tronco na cura de determinadas doenças. O texto foi
publicado em O Progresso, e no Jornal o Estado do Maranhão, ganhou as redes sociais
e repercute até hoje.
Embora, em regra, o elemento
saudade nos leve às lágrimas, não deixa de ser um tema leve. Digo até que é um
dos principais alimentos para sagrar a imortalidade daqueles ou daquelas que
partiram para outros planos.
A saudade hoje, é dela. Da
professora Maria Luiza Brandão, a paraibana, da cidade de Esperança, que por
anos exerceu o magistério em Imperatriz, e ajudou a formar centenas de bons
cidadãos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário