sábado, 1 de junho de 2024

Filha do acreditar

 


 

ElsonMAraujo

 

Acreditar é uma faculdade. Quando acreditamos em algo, somos capazes de feitos inimagináveis. O homem acreditou que podia voar, e voou. Acreditou que podia chegar até a Lua, e lá também chegou. Mas não somos obrigados a acreditar naquilo que não queremos. Assim como um terceiro, por mais eloquente ou convincente que seja, também não ostenta tal capacidade: a de impor um acreditar distante das nossas crenças.

Podemos até, por educação, ouvir ou fingir convencimento, mas fica nisso. No período (pré) eleitoral é comum isso. Na atual conjuntura nacional, nesse campo quase ninguém acredita em alguém. O contrário também é verdadeiro. Dependendo do capital cultural, das experiências, dos interesses individuais, enfim, de fatores intrínsecos e extrínsecos de cada um, podemos cair de amores por uma causa e daí, até matar e morrer por ela.  A fé é filha do acreditar, e num mundo cada vez mais incoerente, para se acreditar também é preciso coerência.

Ter fé é acreditar no invisível, no intocável, no inatingível; não é ter a certeza sobre todos os mistérios que nos cercam, mas é ter a certeza de que existe algo infinitamente maior que nós que pode tornar tudo visível, palpável e possível. (Alexandre Sessa)

 

As três maiores religiões monoteístas no planeta, Judaísmo, Cristianismo e Islamismo, foram construídas a partir da crença no Deus único. Na defesa desse acreditar, nações foram construídas, nações foram destruídas. Sangue foi derramado, sangue foi exaltado. Portanto, é acreditar em acreditar que caminha a humanidade. Seria essa faculdade consciente humana o primeiro passo para se atingir um objetivo, seja ele qual for. O óbvio surge cristalino diante dos nossos olhos: sem acreditar, qualquer iniciativa já nasce morta.

A história está repleta de exemplos que ilustram esse poder do acreditar. Pensemos em Martin Luther King Jr., o mártir da luta pelos direitos civis americanos, que, com seu sonho de igualdade, moveu multidões e inspirou mudanças profundas. Seu acreditar gerou uma grande energia coletiva. Ele acreditava tão intensamente na justiça e na igualdade que seu sonho não apenas moldou seu próprio destino, mas também o de uma nação inteira. Seu sangue jorrou sob a mira de um assassino, no entanto, sua fé na possibilidade de um mundo melhor acendeu a chama da esperança em corações que por muito tempo haviam sido obscurecidos pelo desespero.

Da mesma forma, Gandhi acreditou na força da não-violência e, com essa crença, conseguiu liderar a Índia à independência sem disparar um único tiro. Foi um acreditar silencioso, mas firme, que resistiu às armas e à opressão, provando que a fé em princípios maiores pode transformar a realidade. Cada passo que Gandhi dava, cada greve de fome que ele enfrentava, era um testemunho de que o poder da crença pode mover montanhas.

No entanto, o acreditar não está restrito aos grandes líderes ou aos movimentos históricos. Ele reside em cada um de nós, em nossos gestos cotidianos, em nossas pequenas batalhas. Está presente no agricultor que planta suas sementes acreditando na colheita futura, no professor que ensina acreditando no potencial de seus alunos, no artista que cria acreditando na beleza de sua visão.

Acreditar é, portanto, a força motriz por trás de cada ação significativa. É a faísca que acende a chama da inovação, da descoberta, da mudança. Sem acreditar, a vida se torna uma sequência de atos vazios, desprovidos de propósito e direção. Mas, com a crença, cada momento ganha significado, cada desafio se transforma em oportunidade, cada sonho pode se tornar realidade.

E assim, seguimos adiante, cada um com suas crenças, suas fés, seus sonhos. E é essa diversidade de crenças que enriquece a tapeçaria da humanidade, fazendo-nos lembrar que, no fundo, todos buscamos algo maior que nos transcenda, algo que dê sentido às nossas jornadas. Acreditar, afinal, é o que nos faz humanos.

 

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